Na rota da Seda
Desde muitos séculos antes de Cristo já se percorriam caminhos por mar e por terra em busca da seda e de especiarias do Oriente para abastecer os países da Europa. Conhecida como Rota da Seda, essa extensa rota percorria o sul da Ásia, ora por terra, ora por mar interligando os principais centros consumidores de Roma, Gênova e Florença com a Índia e a China. Dividia-se entre a Rota Norte – primordialmente continental e terrestre, e a Rota SUL percorrendo a costa do Egito, Arábia e Índia, em sua maior parte marítima. As caravanas normalmente percorriam apenas um trecho desse trajeto, fazendo suas transações em entrepostos comerciais ao longo da rota. Mesmo assim, uma mercadoria podia levar meses para chegar ao seu destino final.
Isso sem falar que a venda, na Europa, acontecia em feiras anuais que duravam meses. A descoberta do caminho marítimo para as Índias, pelos portugueses, mudou radicalmente este cenário, reduzindo drasticamente o tempo de viagem. Isso permitiu também o comércio direto entre produtores asiáticos e os mercadores portugueses, reduzindo significativamente o número de intermediários. Portugal tornou-se uma potência. Fico imaginando como seria, naquele tempo, a administração de um fluxo de caixa num empreendimento como esse.
Deviam conseguir quantias significavas de capital
Para investir na compra das mercadorias e no seu transporte por longas distâncias até o destino final. Embora revendidas com um lucro considerável, o fato é que o retorno só ocorreria praticamente um ano depois. O mercado financeiro não era evoluído e agressivo como o conhecemos hoje. Mas, sem dúvida, necessitava-se de muito capital de giro (ou seria capital parado?). Com os mercadores surgiu uma nova classe social, a dos burgueses, comerciantes ricos que passaram a ter um papel importante na economia das cidades. No comércio moderno não teríamos como sobreviver num modelo assim. Hoje em dia temos de extrair o máximo do nosso capital de giro. Isso significa reduzir estoques e conciliar nosso fluxo de pagamento com o de recebimento.
Para cada milhão de faturamento, imaginando uma margem de 25%, temos um volume de compras de setecentos e cinquenta mil. Supondo uma venda linear, cada dia de venda representa 25 mil de estoque. E aí vem a questão: quem tem 30 dias de estoque necessita de, no mínimo, 750 mil em capital de giro. Isso se o prazo médio de pagamento estiver alinhado com o prazo médio de recebimento.
Na maioria dos casos não está.
Você compra para receber em três dias com pagamento para uma semana. Muitas vezes leva quinze dias ou mais para vender. Parte você vende à vista, parte em cartão de crédito com prazo para receber. No final você tem de bancar dez, quinze ou vinte dias até ter seu dinheiro de volta. Por isso, quanto menor for seu estoque, mais vezes você gira seu capital. Você só deve investir em compras altas nos produtos que vendem, e vendem bem. Muitas vezes você recebe ofertas de desconto baseadas em volume. Se for um produto de pouca venda, essa quantidade a mais pode representar trinta dias ou mais de estoque. Vai drenar seu capital de giro. Esse é um desconto suicida! Você imobiliza seu capital, quando podia aplica-lo em comprar produtos de alta venda.
Se você não disciplinar seu comprador, ele acaba aproveitando esses descontos e comprometendo a verba de compra do mês. Por isso é muito importante entender a participação de cada produto na composição da venda e do resultado da loja. Invista seu capital nos produtos certos. Siga com a gente. Nos próximos capítulos continuaremos abordando pontos importantes para a gestão do seu negócio.
Deixe uma resposta